domingo, 25 de janeiro de 2009

Intensidade.

“Talvez ele já se acostumara a tudo que estava acontecendo. Era sempre a mesma coisa. A felicidade vinha e transformava tudo em cores vivas, em tons berrantes e brilhantes. E logo a tristeza vinha, em escalas de cinza. Não entendia como a mudança ocorria tão rápido. Como isso tudo mudava de repente, mas sabia que as escalas de cinza eram cada dia mais freqüentes. Começara a pensar que tudo não passava de uma farsa, que era melhor jogar tudo pro alto e seguir em frente, em outra vida. Ou simplesmente fugir disso tudo, começar vida nova, sem lembranças desse passado que ele sempre odiara. Ele odiara? Nem mesmo ele sabia. Ele amava tudo com tanta intensidade, ele queria sempre mais, com mais força, mais desejo. Porque lhe era negada o Dom da Felicidade por longos momentos? Era como se senti-se que estava constantemente rodeado de amigos, que não estava sozinho. Mas, aqueles amigos ali não lhe eram confiáveis, não lhe eram “úteis”. Esses amigos eram amigos se seus amigos, e não amigos dele. Aquilo o feria por dentro, como se nunca existisse alguém que pudesse amá-lo como deveria, alguém que pudesse sentir como ele sentia. A solidão que ele sentia sempre, mesmo rodeado de pessoas que lhe diziam “eu te amo“ sempre. Mas, pra que reclamar? Talvez o erro seja dele. Ele quem pedia demais, era perfeccionista demais, que impusera mascaras, falsidades para si próprio. Mentira para si próprio. Há mentira pior que essa? Isso foi o que realmente o aprisionou, o que o fez se sentir preso em correntes junto ao chão. Agora ele percebia aquilo tudo que ele mesmo fizera para se enganar. E não adiantaria ele achar que morrer ou recomeçar ajudaria, pois isso não aconteceria. Talvez ele precisasse ser mais evoluído, amar mais a si mesmo, ter a si como uma dádiva por acordar todos os dias e poder desfrutar de coisas que ele jamais sonharia em querer perder, mesmo que ele nem fizesse idéia de que elas existisse. Talvez ele, que se julgava intenso por sentir essas emoções frias, ou por simplesmente achar que a intensidade vinha de sua intuição ou impulsividade, precisasse de mais intensidade. Ou mesmo da verdadeira intensidade. O que era intensidade para ele agora? Talvez fosse a única certeza de sua vida. O seu sentido da vida agora. Saber o que na realidade era intensidade.”

3 comentários:

  1. A gente só vai viver de verdade quando entender que não precisa saber de nada, ser nada.. só viver com intensidade.

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  2. meu escritor mais fofo *-* Coutinho, çol sel fãn ;B rsrs ' s2~

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  3. Ai, tá tão bonito!! *-*

    Tô besta aqui, hahaha!

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