domingo, 15 de fevereiro de 2009

Desejos.

Tive que vir aqui fazer uma homenagem a essa pessoa. Como já disse a ele tudo que queria, fiz por ele tudo que pude fazer e cumpri minha promessa, só tenho a agradecer por ter encontrado-o tão cedo em minha vida. Na ultima sexta feira 13, meu melhor amigo/irmão fez 18 anos, e para mim foi o dia em que muitas coisas mudaram, mais para ele do que para mim. Apesar dos contratempos, das mágoas criadas, das certezas concretizadas, uma frase que ele me disse ainda reverbera pela minha mente.

“Não importa se os nossos amigos mais próximos não vieram ou que a festa não tenha saído como você ou eu queríamos, o importante foi que você esteve aqui. E isso pra mim basta.”

A você, meu amigo, meu mestre, meu irmão, eu dedico esse texto que diz exatamente como será nossas vidas daqui pra frente. Não importa o que aconteça, nossas vidas sempre estarão juntas. Com todo o carinho de um irmão que você conhece a mais de 500 anos,

Luiz Carlos Coutinho da Silva Júnior.

Desejos

“Que eu seja como a que tece o pano na floresta, profundamente escondida.
Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada...quando assim convier a Mãe.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo, e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma...
Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.
Que sejamos inocentes e despretensiosos.
Que eu seja capaz de gratidão.
Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu cão, nos ossos e no sangue.
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como aroma do alecrim, como todo dia e na antiguidade, erva forte de cozinha.
Que eu não me incline a autopiedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e veja as chamas brilhando para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, ou trono almofadado, com o mesmo regozijo.
Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços, árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulhoso crescer das árvores.
Por isso, eu jogo fora minha roupa, me visto de céu.
Que eu possa conservar a fé, sempre.
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.
Que eu saiba escolher como a cantiga é feita, em alegria e com amor.
Que eu faça a mesma escolha todos os dias, e de novo.
Quando falhar, que eu me conceda o perdão.
Que eu dance, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.
Que eu tenha a sabedoria necessaria para tomar as decisoes quando elas me sao necessarias
E que com isso eu aprenda que o que a de ser, será!”