quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sacerdócio

"Estudar Bruxaria alguns meses, talvez até mesmo o tão famoso “um ano e um dia”… Realizar alguns rituais em honra aos Deuses (ou não), praticar alguns feitiços, pendurar um pentagrama no pescoço e vestir uma capa ou as vezes nem mesmo isso – infelizmente para alguns esses atos, das quais os mesmos nem compreendem seu simbolismo, tornam-se atos suficientes para se auto-intitularem sacerdotisas e sacerdotes dos Antigos – quando não suma-sacerdotisas e sumo-sacerdotes Deles.

Alguns ao lerem esse texto poderão questionar e mencionar o fato de que na Bruxaria existem muitos caminhos, muitas sendas e muitas maneiras da mesma ser praticada. E isso sem dúvida é uma verdade irrefutável. Entretanto é indubitável que para se praticar qualquer tipo de Magia, ser bruxa ou sacerdote é IMPRESCINDÍVEL haver responsabilidade, aliada a um real conhecimento sobre o que se está fazendo e sobre o que significa trilhar um caminho espiritual pautado no autoconhecimento e no conhecimento sobre tudo aquilo que nos cerca. MAIS responsabilidade ainda quando se envolve outras pessoas na jornada e quando há estabelecido o dito “vínculo mágico”, isto é, dedicar e iniciar outras pessoas.

Percorri pelo menos quatro anos de estudo e muita prática antes de me auto-Iniciar na Arte. Andei mais algum tempo para receber uma Iniciação em um grupo e somente após muita intimidade, muita compreensão a respeito do meu próximo e dos meus Deuses, tornei-me capaz e senti-me verdadeiramente apto para transmitir a Iniciação e fazer de meus pupilos sacerdotes. Somente ao beirar uma década de Caminhada, estarei recebendo o reconhecimento de minha congregação para atingir o sumo-sacerdócio e me tornar responsável por um Coven e é dessa forma que tem sido com todos os grupos sérios conhecidos que não estão aí simplesmente para aparecer e brincar de fazer feitiço, mas para trazer de volta à tona aquilo que nossos antepassados ajudaram a jogar nas covas e fogueiras: O CULTO AO DIVINO DA TERRA, AOS DEUSES ANTIGOS!

E vejam, estou longe de querer afirmar que tempo é fator indispensável para definir o conhecimento ou a sabedoria de outrem. O fato é que existem coisas que estão estampadas no rosto de quem se expõe e na boca de quem fala – nos atos de quem os comete.

Infelizmente, nossas crenças ainda tem sido alvo de ofensas e chacota pública – agora, nem sempre pelo fato de alguns acreditarem que cultuamos demônios ou deuses antigos – mas sim pelo horror que temos visto ao nos depararmos com pessoas, cujo realmente desconhecemos o verdadeiro objetivo, praticarem “Iniciações em massas”, se auto-proclamarem sumo-sacerdotes em três meses e fundarem covens em duas semanas. Que tipo de seriedade está sendo passada à comunidade, quando essa se depara com esse tipo de prática? Onde se encontra a responsabilidade, a coerência e o discernimento?

Será que essas pessoas sabem o que significa serem sacerdotisas e sacerdotes do Divino? Independente da maneira que essas o chamem: Deusa, Deus, Deuses ou Grande Espírito, o Grande Corpo e Grande Mente Divina Universal faz de seus sacerdotes instrumentos sagrados atuando no mundo, não somente falsos arlequins apresentando rituais que não passam de um show de calouros e um enorme desrespeito àqueles que há muito estão suando, tentando dar uma visibilidade positiva ao Culto. Ser sacerdotisa ou sacerdote significa ser aquela ou aquele que conduzem o ato sacrifical, o sagrado ofício e conhecem profundamente o seu significado. Ministrar esse ato ao próximo demanda IMENSA RESPONSABILIDADE, pois este significa LITERALMENTE alimentar àquele que chega a sua porta e aos seus rituais. E em nome dos Deuses, só podemos servir o melhor – acima de tudo, saber preparar e conhecer o que estamos servindo.

Minha capa sacerdotal, minhas honrarias e meus instrumentos não possuiriam valor algum se não simbolizassem meu rastejar pela lama, meus literais auto-sacrifícios, meu acompanhar da vida e da morte de animais e humanos, o carregar de corpos e caixões, o ministrar de bênçãos às crianças, a enfermos, enamorados e moribundos, minhas antigas e modernas danças aos Deuses de minha Casa, às muitas vezes que conscientemente chorei e que ri com Eles, os meus ritos diários de culto e devoção incondicional Àqueles cujo dedico e entreguei minha vida como instrumento perpétuo e inviolável para Sua atuação no mundo e na minha comunidade.

Ser bruxa(o) ou sacerdote(isa) significa ser mais do que ser mulher ou homem. Significa ser uma extensão viva e consciente da ação da Natureza em carne humana. Significa saber ministrar o sagrado ofício e conhecer sua profundidade e sua necessidade para a continuidade dos ciclos. Não basta falar ou aparecer, é preciso coerência, verdade e acima de tudo RESPONSABILIDADE."

(Revdo. Lugus Haraios Victorius D. Brigante)

"Abençoados sejamos por Aqueles que tudo vêem, tudo sabem e jamais se esquecem."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Being me is more than i thought.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Preparo-me um café.
Observo por alguns momentos o que seria uma rua, ou umas vidas. Era novamente uma situação ao qual eu não queria estar, mas eu me arrastava logo quando me deparava. A visão dos carros passando, com pessoas dentro ocupadas em suas vidas ocupadas. A visão das casas iluminadas por donas de casa já despertas pela manhã, ou das casas apagadas a espera de alguém que as ilumine. Maridos saindo para o trabalho, meninos e meninas saindo para estudar, mulheres saindo para lutar pelo seu lugar numa sociedade machista e velhas senhoras de idade indo a feira comprar a verdura fresca do dia. Faz parte também a dança realizada pelo vento ao redor de cada personagem que vejo, cada figura distinta com sua vida, seus pensamentos, seus medos e anseios. Faz parte a Terra onde todos eles estão pisando, onde eu estou pisando, mas onde poucos lhe devem o devido respeito. Faz parte a água que existe dentro de cada um de nós e nos mantém vivos e continuando, mas que passa despercebida. Faz parte a chama que nos mantém acesos para tudo o que nos interessa, tudo o que nos diz respeito e nos causa fervor. Faz parte um Espirito maior, que une tudo isso e mais um pouco, em uma lógica acima da compreensão racional e idealista do homem mundano. Tantas coisas fazem parte de algo que quase ninguém percebe, entende? A mesma borboleta que passa voando pela rua faz parte de todas as nossas vidas, assim como a senhora de casa que vai a procura das verduras do almoço faz parte do homem da casa a frente que vai ao trabalho em seu carro esportivo. Tudo faz parte de tudo, pois ninguém é célula separada, independente. Todos somos parte de um sistema único. É só reparar que esse sistema existe desde sempre e para sempre, não importando ser o que seja. Desde que seja de luz. Às vezes, vale a pena deixar o café esfriar para ver essas coisas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Existem muitos tipos de olhos. E, me é interessante ressaltar que, todos me atraem. Existe um nível de atração a todos, e creio que isso exista em muitas pessoas. Porém, reparem bem em algo diferente dentro dos olhos. Acho que acostumei-me a olhos claros e exóticos, daqueles que mudam de cor ou possuem tons de amarelo e caramelo fluorescentes e brilhantes a luz do sol. Mas, quanto mais eu observo os olhos castanhos, mais me chamam a atenção.
Parecem ser folheados por rubi líquido, dando a eles uma vermelhidão tão próxima ao sangue que enriquece, excita e diverte. É lindo enxergar a mudança causada pelo sol, de forma que algo aparentemente escuro e somente negro transforma-se em algo tão abrasador. Imaginem só, rubis ao invés de olhares! É de forma alguma menos merecedora de nossos encantos e desencantos.
Denotam pessoas fortes e quentes, daquelas que queimam um fogo interno, seja lá qual for seu objeto a ser consumido pela combustão rápida e acalorada. E, percebam: não é todo olhar castanho que possui este olhar rubi dentro de si, escondido sobre as pálpebras. Somente alguns o tem. E são esses que fazem a diferença.

Por que estou falando de olhos? Bom, porque gosto de admirar o que se é bonito e o que se é oculto a quem não é bom observador.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?"

(Carlos Drummond De Andrade)