quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Soneto da Honra Final

Será assim, amiga:
Um certo dia, estando nós a contemplar o poente,
Sentiremos no rosto, de repente,
Um beijo leve de uma aragem fria

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia.
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de trevas aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do segredo,
Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo.
E tu, tranquila, me dirás: - Sê forte.

E como dois antigos namorados,
Noturnamente triste e enlaçados,
Nós entraremos nos jardins da morte.

(Vinicius de Moraes)

Dedicado desde muito tempo a uma bela amiga. Obrigado, Mariana.

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