quarta-feira, 11 de março de 2009

Claridade.



Quando acordei hoje não esperava vir parar aqui, agora. Acordei de bom humor, coisa rara em semana de provas (acho que pra qualquer um). O colégio foi ótimo, ri bastante, encontrei amigos, expliquei a matéria pras outras pessoas, às coisas de sempre. Fiz as provas, me sai bem com sempre. Bateu o sinal, desci e encontrei meus amigos lá. Nessa hora tudo já me parecia um tanto quanto confuso. Tenho estado com esse assunto na cabeça a um tempo, e não sei o que fazer. É gente, não sei o que fazer. Logo eu, que sempre sabe o que fazer.
O medo da ilusão é terrível, de fato. Quem aqui não tem medo de se iludir com algo? Mas, creio que o pior é você iludir alguém. Ser iludido pode ser ruim, mas iludir significa que você esta criando algo que mais para frente não servirá para nada. Criar algo que não servirá para nada é algo mais que ruim. É péssimo. Mas, enfim, deixei de lado. Esse não seria um problema a se resolver hoje, seria um problema a se resolver no fim de semana.
Fui para o centro, com amigos claro. Tinha de ir ao banco com meu melhor amigo e fiquei por lá. Ri tanto quanto sempre rio com ele. É incrível como consigo essa façanha tão fácil com ele. É, acho que é tanto tempo juntos que já sabemos como divertir um ao outro só rindo mesmo. O resto é bobagem do meu dia. O importante é que andei horrores e cheguei mais que morto em casa. Como dormi a tarde toda até as 8 para estudar, já estranhei por acordar tão cansado quanto antes.
Um sentimento de vazio começou a se instalar em mim não sei porque. Não interpretei como um sinal do dia, não sei. Estava um tanto quanto grogue para isso.
Depois de ver um filme com o nome de “A Natureza Selvagem”, esse vazio ou aumentou e afrouxou ou diminuiu e afrouxou, mas não sumiu. No filme um garoto desistia de tudo para seguir até o Alasca sozinho, depois de terminar a faculdade. Ele dizia que tínhamos de ver que a vida era muito mais que relações entre pessoas e namoros. Que a natureza fazia parte de tudo, e que ele queria que todos enxergassem a natureza de modo diferente, assim como ele queria enxergar.
A cada pessoa que encontrava, ele conseguia cativá-las de tal forma que todas sequer não conseguiam não amá-lo. Lia livros e a cada livro, ele via que sua história estava ali também, sendo contada em livros que nem eram de sua época. Depois de um certo livro, com certa frase que dizia algo do tipo “amar é conseguir chamar a todas as coisas por seus nomes verdadeiros”, ele quis comer ervas e frutos, pois estava com fome e a dias não caçava algo para comer.
Após ingerir algo venenoso, passou dias vivo, resistindo a morte, e percebendo tudo estava se esvaindo. Ele observava as nuvens deitado de dentro do ônibus, pela janela, em seu saco de dormir e de certa forma agonizando. Estava pálido demais, e seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas. Acho que ele não estava triste nem desesperado. Creio que em sua cabeça, ele pensava que valeu a pena. Pois antes de morrer dentro do ônibus abandonado perto de um rio em algum lugar que eu não sei onde (não sei se ele chegou ao Alasca mesmo ou não), ele imaginou como seria reencontrar os pais depois de meses na estrada sozinho. Imaginou-se correndo e os abraçando, e enquanto sorria pela saudade morta, ele observava as nuvens brilhantes atrás da casa e pensou:

“Será que se eu os encontrasse agora, e visse essas mesmas nuvens, eu conseguiria vê-las com os olhos que eu vejo agora? Da maneira que eu as enxergo?”

A pergunta perdeu-se em seus pensamentos da mesma forma que o oxigênio parava de nutrir seu cérebro e seu coração parava de bater. Ficou tudo suspenso no ar, como em rarefeito, e pareceu-me que tudo transcendia. Estranho tal visão não? Eu não achei.
Ele morreu pelo que acreditava, pelo que queria, querendo realizar seu sonho. As palavras que disse para uma das personagens do filme sempre foi uma das minhas frases preferidas: “Se acredita em um sonho, siga-o e nunca desista dele.”.
De certa forma, ele se parecia comigo. Ele procurava o que procuro. Ele buscava uma maneira de felicidade plena, contínua e a 360°. Ele queria poder amar a tudo, buscar a tudo e absorver a tudo com seus olhos, para que nunca deixasse de ter amor dentro de si. Para que fosse o amor, o puro amor. Para que amasse em sua essência. Sim, ele desejava isso em seu âmago semi-livre. E eu também.
Após esse primeiro baque, me vi guardando na cabeça uma cena de Sex And The City, quando uma das personagens que não me lembro o nome agora disse as amigas em seu aniversário de 35 anos:
“Eu realmente amo todas vocês, amo muito mesmo. Mas, me é triste dizer isso, acreditem, eu necessito de um homem que me ame todos os dias. Que me diga Feliz Aniversário de forma especial, da forma que vocês não diriam.”
Aquilo era uma verdade tremendamente pesada, diga-se de passagem. Cabia para mim, claro.
Logo após, sua amiga disse uma coisa que me deu outro baque, e me fez admirar tal série de TV tipicamente americana:
“Talvez sejamos almas gêmeas umas das outras, feitas para amar-nos e sermos amigas para sempre. Homens devem ser nossa diversão constante.”
Sim, eu sei. Estou me contradizendo. Mas percebem como a frase soa melodiosa? Digam. Falem essa frase, se quiserem gritar, gritem. Mas, ela é melodiosa sim. E verdadeira.
Talvez tudo tenha de ser assim, melodioso. Melodia é arte. Arte é vida. Vida é amor. Percebem o ciclo vital ao qual quero me prender? Assim que eu quero viver, assim que eu praticamente vivo. Quero a tudo, e ao mesmo tempo quero o Um. Quero buscar todas as verdades, e ao mesmo tempo quero somente uma verdade, mas que essa seja A Verdade.
Talvez seja assim mesmo, esse negócio estranho que chamamos de vida. E claro, espero poder sentir tudo isso de novo como senti hoje, como sempre senti. Espero todos os dias da minha vida ter em mim uma torrente de emoções que me façam rir, chorar, viver. Assim que me sinto vivo, assim que me sinto completo. Não é preciso que você provoque tudo isso. Tudo vem a você no momento certo, quando você está preparado. Só compreendo o que digo depois de muito tempo vivendo. E espero viver e manter-me lúcido tempo suficiente para aprender a amar tudo e odiar a tudo. Para sentir o que eu chamo de Sentido da Vida que se mostra tão claramente para mim agora. A intensidade.

3 comentários:

  1. Olá! Vim agradecer seu comentário e dar uma conferida no seu blog, mas adimito que não li todo esse texto pq estou meio sem tempo agora, mas pelos trechos que eu li, parece ser uma ótima reflexão, então volto aqui com mais tempo para lê-lo. Só pela citação de Sex And The City já vale. Pode ser uma série banal, mas muito do que é dito por aquelas loucas criaturas - que não são assim tão diferentes de nós - nos fazem refletir.

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  2. Amo o jeito que vc descreve as coisas e como me faz recfletir.. espero conseguir escrever tão bem quanto vc no meu e no nosso futuro blog.

    te amooo!

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  3. Shiu!
    Não conta tanto do filme que eu verei em breve :X


    "Ele buscava uma maneira de felicidade plena, contínua e a 360°. Ele queria poder amar a tudo, buscar a tudo e absorver a tudo com seus olhos, para que nunca deixasse de ter amor dentro de si. Para que fosse o amor, o puro amor."

    Vc elabora umas frases fora do sério, criança!
    *-*

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