quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Eu só estava caminhando pelas ruas. Só isso. Eu já queria caminhar por ai faz tempo, mas eu nunca havia feito isso. E eu não sabia como fazê-lo. Até que a dor foi tão grande que me vi fugindo de minha casa, de meu quarto, de meu computador. Foi estranho deixar meu refúgio e meu matadouro. Eu não o deixava a dias, querendo estar protegido, mas ao mesmo tempo condenado. O sol estava a pino, mas não estava quente. Era um daqueles raros dias de inverno gelado que o sol se aventurava a brincar com o vento cortante. Caminhei e só caminhei. Fui contando os passos entre as linhas, as folhas que via no chão. Fui contando as sombras pequeninas pelo caminho e também o número de vezes que eu já me ferira. Fui calculando minha porcentagem de emoções frias e nojentas. Calculei também minhas emoções calorosas. Pesei em minha balança. 75% de frieza. Contei as faixas da rua que atravessava. Contaria a última se um ônibus não tivesse me atingido. Morri contando as coisas. Morri com aquela dor no peito, constatando que eu era 75% de sentimentos podres.

Droga, morri sem contar quantas crianças estavam no parque adiante.

Um comentário:

  1. Você me deixou em nostalgia.
    Não somos porcentagens, somos a podridão toda procurando se livrar da imundice externa.
    Não conte as coisas de fora, conte as coisas de dentro. ;D

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