sábado, 17 de janeiro de 2009

Não importa mais.

" E já não importava mais se ele conseguia raciocinar como antes ou se ele precisava vomitar no banheiro para isso. Talvez se bebesse mais, ele conseguisse distinguir o que é certo ou errado, quem sabe? Quem sabe o que é o certo ou errado nessa sociedade que só consegue pensar em si própria? Ele mal conseguia entender agora. Os carros passavam rápidos e ele se viu dentro de um carro em movimento com um balde a sua frente. Já não estava mais tão tonto ou tão enjoado, mas mesmo assim vomitou novamente no balde já usado por ele antes. Não se lembrava de ter vomitado antes, ou de simplesmente ter apagado na festa, ou seja lá onde ele fora depois de beber todas aquelas doses de whisky no bar. Só sabia que estava dentro de um carro com pessoas que ele não conseguia reconhecer. Talvez fosse pela bebida, mas já estava sóbrio o suficiente . Ele não mais via rostos, ou via cabelos, sorrisos, roupas. Ele via vultos. E todos eles com variações de preto e branco. A maioria estava quase totalmente negra, com uma região perto de onde seria o coração de um esbranquiçado que não tardaria a acabar. Ele viu que o motorista era quem quase não tinha mais a parte esbranquiçada, e toda vez que o vulto se mexia para frente ou para traz, a parte branca ia sumindo até que se ele se tornou completamente negro. Ele olhou a estrada e só conseguia ver agora em escalas de cinza e olhou para o próprio corpo. estava tambem parecendo como todos os outros, porem sua parte branca estava crescendo aos poucos. Ergueu novamente os olhos a tempo de ver algo que se parecia com uma mureta de ponte e tentou gritar para o motorista, mas só vomitou de novo e viu em seu rosto um sorriso branco reluzente de pura malícia e satisfação. Nos poucos segundos que teve antes do carro cair do viaduto por onde passavam e explodir, carbonizando todos dentro dele, ele sentiu uma leve euforia, como se estivesse em uma montanha-russa. Mas, lembrou-se de que era a morte que o aguardava, e não mais uma descida e talvez um novo loop. Então, como se fosse natural, ele fechou os olhos na escuridão e aguardou. Sentiu o impacto, o amassar do ferro sobre si e o grito de pessoas e logo tudo virou um clarão assim que a fronte de seu crânio afundou completamente no porta-luvas. Respirou uma ultima golfada de ar que seus pulmões espremidos e perfurados por suas costelas recém quebradas permitiam, dando-lhe os milésimos que precisava para degustar sua dor e simplesmente sentiu-se... desaparecer. "

5 comentários:

  1. Gostei.

    Mas então, você tá bem? HAHAHAHAHHA

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  2. Tipo ... vc tem sofrido ? UHASUHASUHASUHSAUH .

    Mas gostei :D

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  3. É, adivinhou xD realmente gostei do texto. Muito boa a narrativa e a descrição de tudo.

    Adorei ;**

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  4. Adorei o texto, intenso e depreciativo ao mesmo mtepo, sei la...
    tem emoção, fato.
    o que vem de você que não tem?
    te amo;

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  5. Gostei desse também! :}
    Seu lado homicida tomou conta, HAHAHA.

    Vc escreve bem, meu jovem =)

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